Os Espíritos Domésticos: Guardiões do Lar e da Tradição Oculta
- Cain Mireen

- 19 de out.
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A Casa é um dos pontos centrais da pratica da bruxa, onde ela reside e passa a maior parte da sua vida empregando os seus trabalhos espirituais, atendimentos e serviços astutos em seu lar; O lar acaba tornando um "limiar" entre os mundos, enquanto o lado de fora o mundo dos homens enquanto o lado de dentro o mundo dos espíritos, não é de esperar que a bruxa encontre seus espíritos seja na encruzilhada ou nos bosques, mas dentro de sua casa mesmo, ali reside um espírito que é muito próximo de sua vida; o Espírito Doméstico.
Em diversas culturas ao longo dos séculos, surgiram crenças sobre entidades invisíveis que habitam os lares, cuidando deles em troca de respeito, oferendas e um ambiente equilibrado. Esses são os espíritos domésticos – conhecidos por muitos nomes, formas e temperamentos, mas sempre representando o elo entre o mundo humano e o mundo espiritual dentro do espaço sagrado do lar.
Esses Espíritos Domésticos possui muitos nomes ao longo das regiões e tradições onde são reverenciados; são entidades ligadas ao lar, ao fogo caseiro e a prosperidade da família, eles estão presentes em muitas culturas e que até hoje sobrevivem nas crenças familiares, tradições de bruxaria e na Velha Fé. São guardiões invisíveis que zelam pelo abrigo, fartura e a alma da casa, Esses espíritos vivem nas frestas, nas chamas das velas, no murmúrio do fogão, e em tudo aquilo que faz do lar um espaço vivo. Sua presença é discreta, mas sentida: no estalar da madeira, no vento que atravessa a janela, ou na sensação de conforto inexplicável quando tudo parece em harmonia.

Os espíritos domésticos são entidades da Velha Fé e da espiritualidade popular que vivem em casas, fazendas e lugares habitados por humanos. Eles podem ser vistos como reminiscências de antigos deuses familiares, antepassados divinizados ou mesmo elementais locais que passaram a habitar o espaço humano. Sua principal função é proteger o lar, auxiliar nos afazeres domésticos, garantir prosperidade, saúde e harmonia, mas também são conhecidos por seu temperamento volátil: se forem ofendidos ou ignorados, podem causar pequenas desordens, acidentes domésticos ou simplesmente partir, levando consigo a boa sorte da casa. Essa crença é universal: da Europa à Ásia, das tradições celtas às africanas e ameríndias, sempre encontramos algum tipo de "guardador invisível" do lar.
Reverencias aos Espíritos da Casa é antiga, a casa é um Altar, o primeiro de muitos lugares que o espiritual e não espiritual, a interação entre os mundos acontecem; e ali mesmo que vive os "espíritos" que no caminho espiritual romano é conhecido como Lares e Penates, os Domovoi dos Eslavos, Kobolds e Brownies nas Ilhas Britânicas, os Duendes em Portugal. Eles são conhecidos também como "Força Espiritual do Lugar" os Genius Loci, um gênio que personifica as forças do lar.
A origem desses espíritos remonta ao culto aos antepassados e aos deuses lares da antiguidade. Em Roma, por exemplo, os Lares e Penates eram divindades protetoras da família e da despensa, cultuadas no lararium, um pequeno santuário doméstico. Já entre os gregos havia os heróis ancestrais e os daemones que vigiavam os lares. Com o passar dos séculos, essas divindades foram "folclorizadas", transformando-se em espíritos menos divinos e mais familiares, pequenos guardiões que habitam o cotidiano das pessoas.
Na religião romana, os Lares eram divindades tutelares associadas à proteção do lar e da família. Originalmente, acreditava-se que eram espíritos dos antepassados que zelavam pelo bem-estar doméstico. Cada residência possuía seu próprio Lar Familiaris, representado por uma figura jovem vestida com uma túnica curta, segurando uma cornucópia ou uma pátera (recipiente para libações). Essas imagens eram mantidas em um santuário doméstico chamado lararium, geralmente localizado no átrio da casa. Diariamente, os membros da família realizavam preces e oferendas aos Lares, buscando sua proteção contínua.
Além dos Lares domésticos, havia os Lares Compitales, que protegiam cruzamentos e comunidades locais, sendo homenageados no festival anual da Compitalia. O Estado romano também venerava os Lares Praestites, considerados guardiões da cidade de Roma, com um templo dedicado a eles na Via Sacra. Os Penates eram outras divindades domésticas, responsáveis por proteger a despensa e garantir o suprimento de alimentos da família. Eles eram frequentemente cultuados junto aos Lares no lararium, recebendo oferendas de comida e bebida durante as refeições. Enquanto os Lares asseguravam a segurança geral do lar, os Penates focavam na prosperidade e sustento da família.

Os Manes representavam os espíritos dos mortos em geral e eram honrados durante o festival de Parentalia, uma celebração de nove dias dedicada aos ancestrais falecidos. Essas práticas refletem a profunda conexão dos romanos com seus antepassados e a crença na influência contínua dos espíritos familiares no cotidiano Essas tradições destacam a importância atribuída pelos romanos à veneração dos espíritos domésticos, enfatizando a interdependência entre os vivos e os mortos na busca pelo equilíbrio e prosperidade do lar.
No folclore britânico, especialmente na Escócia e Inglaterra, esses espíritos domésticos são amplamente conhecidos como brownies, hobs, boggarts (quando irritados) e outros nomes locais. Brownies (Escócia e norte da Inglaterra) Os brownies são espíritos pequenos e peludos, de aparência humilde, que habitam lares e ajudam em tarefas domésticas e agrícolas à noite. Em troca, recebem pequenas oferendas como leite morno, pão com mel ou mingau. Não gostam de ser vistos e se ofendem com oferendas materiais como dinheiro ou roupas novas – caso isso ocorra, eles vão embora ou se tornam boggarts, espíritos travessos e perturbadores.
O Brownie (Escócia e Norte da Inglaterra)
O Brownie é talvez o mais famoso espírito doméstico escocês.Seu nome vem da cor “marrom” (brown), pois é dito que ele é um pequeno homem moreno, coberto de pelos ou vestes terrosas, simbolizando sua ligação com o chão e o trabalho. Vive nas sombras da casa ou do celeiro. Ajuda nos afazeres noturnos: limpa, ordenha vacas, repara ferramentas. Não suporta ser observado enquanto trabalha. Recusa roupas novas (dá-las é considerado insulto). Gosta de leite, mel, aveia, pão ou cerveja como oferendas. Se ofendido ou ignorado, o Brownie pode se tornar um Boggart — um espírito travesso que causa desordem, ruídos e confusão.
O Hob e o Hobthrush (Norte da Inglaterra, Yorkshire e Durham)
O Hob é o equivalente inglês do Brownie. Geralmente habita celeiros, estábulos e fornos, e é visto como um espírito mais rústico, ligado ao fogo e à terra. Protege os animais e ajuda nas colheitas. Aceita oferendas simples, como pão e leite. Se desprezado, pode “abandonar o lar” — o que era sinal de má sorte. O nome Hob vem do diminutivo de Robert, mas também se tornou um apelido para o Velho Nick (o Diabo rural), mostrando a ambiguidade moral que esses espíritos assumiram com o tempo. O Hobthrush, uma variação local, era visto como um espírito do moinho — o fantasma do trabalho — que mantinha as pedras girando durante a noite.
Hobs (Yorkshire e norte da Inglaterra) Os hobs são muito semelhantes aos brownies, porém têm mais ligação com o ambiente externo, como celeiros, moendas e estábulos. Costumam proteger animais e auxiliar na colheita, mas também exigem respeito. Gruagach (Escócia) – espírito do lar ou do curral. Coblynau (País de Gales) – espíritos subterrâneos associados a minas, mas também ligados à proteção de espaços humanos. Clurichaun (Irlanda) – embora mais travesso, às vezes é visto como um protetor da adega e da cerveja.

Os amados Espiritos Domésticos não apenas tratam questões do lar em si como manter a proteção, a paz, a felicidade, mas também são agentes familiares da Arte Mágica da bruxa sendo eles que também podem trabalhar em prol de seus clientes, manter eles em serviços espirituais, para que sejam tratados como membros de seus trabalhos de bruxaria. A Bruxa interage com muitos espíritos.
Esses venerados espíritos protegem a casa e seus moradores mantendo equilíbrio invisível do lar, mantem a segurança da porta de dia e noite, pois eles realizam o dever de guardar a casa contra assalto, pessoa má intencionado e também aos espíritos maléficos e feitiços enviados, quando são honrados com oferendas, atenção e amor são capazes de trazer fertilidade, prosperidade e harmonia; mas quando são desrespeitados podem tornar inquietos, escondem objetos, quebram coisas, provocam ruídos e espalha sensação de desconforto. A função desses Espíritos Domésticos é guardar o limiar entre o humano e espirito, o visível e o invisível; o lado de fora e o lado de dentro.
A devoção aos Espíritos Domésticos não segue uma ordem de ritos e nem de palavras a serem falados quando se trata de um caminho da Arte Sábia, cada via tradicional da Arte terá suas formas particulares a ser realizada em devoção a Eles ou até mesmo uma arte ritualística nasce no coração da bruxa para ser uma forma diferente a Eles. Aqui o importante é tratar em questão de entrar em contato com o Espírito do Lar; uma amizade cultivada com o tempo, um amor que nasce em dias de frio quando usa o calor da casa para aquecer e também nos dias de calor que a casa nos fornece um lugar refrescante.
A comunhão com esse espírito nós traz uma ligação intima com o nosso lar e voltamos os olhos espirituais ao nosso lugar de conforto, ordem, amor e cuidado; O lar é um lugar onde passamos a maior parte do nosso dia, é o nosso templo pessoal. Alguns cuidados é preciso ter para que o espírito possa ser atraído para o lar; manter a casa limpa fisicamente é importante, pois enquanto você faz a limpeza você trata o seu lar com ordem e cuidado e são gestos que o espírito sente atraído, ter uma relação de amor com o lar é um dos pontos importante para “ter uma comunhão” com o espírito do lar.
Manter um local sagrado para ser o “Canto do Velho da Casa” é uma forma de firmar um contato através de ritos de agradecimento, ritos de ofertas e pequenas conversas com o espírito; muitas vezes o local escolhido é próximo da cozinha por ser um local considerado o coração do lar ou na sala onde a família se reúne, as antigas casas mantinham uma lareira e esse é um local escolhido para erguer um canto de adoração ao espírito do lar, mas como eu não tenho lareira escolheu o para peito de uma janela próxima da porta principal e da cozinha e ali eu fiz o canto do Velho da casa. Cada praticante terá a sua forma pessoal de erguer um canto seja com vela, prato, taça e uma pequena imagem para simbolizar o espírito.
Uma pequena oferta pode ser feita para travar um contato, os espíritos do lar prezam pelos gestos simples e momentos únicos, ao acordar em jejum pode oferecer uma pequena taça de bebida como leite ou cerveja e pequeno pão ou bolo e também manteiga no canto destinado para a tal pratica, e diga algo parecido.
“Velho do Lar, Guardião do Fogo,Que esta casa te honre e te acolha.Aqui há pão e luz,E respeito por ti, espírito do lugar.”
A oferenda até o outro dia e coloque em algum lugar fora de casa, nesse momento limpe a mente e o coração e dedique alguns minutos para ouvir a voz do espírito do lar; Os espíritos domésticos raramente “falam” de forma direta. Eles se comunicam através de impressões sutis: uma sensação de conforto, paz após o rito, sonhos com figuras pequenas ou antigas, o cheiro de pão, madeira ou fumaça em momentos calmos, ou pequenos sinais. O contato vem pelo hábito da escuta e da repetição.Não se trata de ver — mas de sentir a presença.

Manter o vinculo através de meditações, canalização e ritos de ofertas você logo perceberá a presença mais claramente, para isso é importante que mantenha uma pratica pessoal de ofertas presentearem o espírito, escolha um dia da semana sempre que possível em um momento limiar, o Crepúsculo ou à Alvorada que são momento s de comunicação com os Espíritos; Renove as ofertas sempre mantendo limpo o canto de ofertas, acenda vela e agradeça sempre que a casa estiver em paz e harmoniosa e fale com ele sempre em voz baixa ou mentalmente como fosse um velho amigo.
O respeito deve haver entre o praticante e o espírito por isso é importante que se dirija com ele palavras gentis como “O Pequeno morador”, “O Bom Vizinho”, “O Senhor do Lar”, “Velho da Casa” e outras formas e reconhecer ele. Na minha Arte Sábia ele forma o ele entre o mundo humano e espiritual, sustentando a energia espiritual-mágica do lar, algo essencial para o trabalho do Homem bruxa.
A criação de versos que exalta os deveres do Espírito da casa, devem ser feitos em puro coração tornando-se atenciosos aos serviços prestados por eles.
“Velho Espírito do Lar, que dormes sob o lar e o limiar,aceita o pão, o sal e a chama.Que tua mão invisível guie o calor e o descanso,e que nenhum olhar ímpio atravesse tua guarda.Pela bênção da Casa e do Fogo, assim seja.”
Para ter a presença desses Espíritos é preciso manter a casa organziada, limpa e respieot pois a casa é um local de ordem e harmonia. Tenha um local próximo do fogão, sala ou outrto lugar que possa ser um local de oferendas,eu deixo as pequenas oferendas no parapeito da janela mas em oferendas grandes como bolo, pães e alimentos sazonais eu deixo atrás da porta, o local onde o meu espírito doméstico fica, lugares como lareira, lugares e cantos escuros da casa é os luagres preferidos deles para morar. Sempre nos dias das Noites Espirituais eu presenteio eles com algum artesanato feito pla minha mãe, pequenas coisas brilhantes, doces, pães e bebidas. Sempre deixo o meu coração falar as palavras sempre em tom de respeito, calmo e gratidão pela ajuda que o espírito oferece. Se estiverem presentes, você pode notar pequenos sinais, como objetos que se deslocam sutilmente, toques de limpeza inexplicáveis ou a sensação de uma presença amigável. Se sentir que o ambiente responde de forma positiva às oferendas, é um indicativo de que o espírito está aceitando a convivência. Nunca ofereça presentes que possam ser interpretados como desrespeitosos, como roupas novas ou dinheiro, pois esses podem afastar o espírito. Acredita-se que os brownies se manifestem quando se sentem seguros e valorizados. Tenha paciência e mantenha a fé na prática.Aqui está um cantinho feito para as preces e pequenas ofertas de bebida como o conhaque, café ou leite junto com a queima de galhos de pinheiro para atrair as bênçãos dele junto com uma pequena vela branca que é acesa nos momentos de preces e após é apagada.


Para a minha pratica, dei o nome do Espírito do Lar de Domi que nasce da antiga raiz latina Domus que significa “Casa ou “Lar”, a mesma raiz das palavras doméstico e domicílio. Domi é a manifestação espiritual do meu lar, a casa como meu castelo, meu altar e também uma encruzilhada; Domi representa o espírito guardião da minha morada, a energia ancestral doméstico e o fogo doméstico. Ao chamar o Domi, o praticante está despertando esse espírito adormecido, estabelecendo um laço de respeito e reciprocidade.
Acender uma vela branca, queimar um incenso, oferecer bolo e café e erguer palavras de agradecimento e gratidão a Ele são rutias que mantém os laços unidos. Assim, cada praticante da Arte pode invocar e honrar o seu Domi — o espírito que habita o lar, que observa em silêncio, que se alimenta de respeito e gentileza, e que transforma uma casa comum em um templo vivo.
O nome Domi, sugerido como espírito doméstico brasileiro, deriva da raiz latina domus (casa, lar, morada). “Domi” é o caso locativo — significando literalmente “em casa” ou “no lar”. Assim, o nome expressa a essência do espírito como o “que habita dentro do lar”, o guardião invisível da casa e de seus habitantes. Cain Mireen
Fontes
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“A casa é um templo invisível, e seu espírito é o guardião das passagens entre o mundo dos vivos e o mundo do silêncio. Alimentar o espírito do lar é lembrar que a alma também precisa de morada.”
— Fragmento de Tradição Oral Escocesa (Highlands)
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